terça-feira, 31 de maio de 2011

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8° fichamento

PRIETO a, L; ET al. A representação social do câncer bucal para os profissionais de saúde e seus pacientes. Revista de Odontologia da UNESP. 2005; 34(4): 185-191.

O câncer é uma das doenças que, por um longo período, se evitou invocar pelo nome, tendo uma multiplicidade de representações investidas da sensação de morte. As representações sociais podem ser consideradas como uma expressão da realidade individual, uma exteriorização dos sentimentos e afeto, e que apoiam e revelam a realidade social. Descrever as representações sociais do câncer bucal para profissionais da área da saúde e pacientes. Optou-se por uma pesquisa qualitativa baseada na teoria das representações sociais. Foram entrevistados médicos, dentistas que fazem tratamento de câncer bucal e os seus pacientes, perfazendo um total de 30 entrevistas. Os depoimentos constituíram duas classes de discurso independentes. Na classe 1 estão os discursos dos pacientes e na classe 2 os dos profissionais de saúde. Os verbos utilizados para as classes demonstraram um distanciamento dos
Profissionais em relação aos seus pacientes. As formas associadas ao discurso da classe 1 foram: tenho; morre, morrer, morro; vou; fé; operação, operar, operei; sei. Para a classe dois se destacam: bucal; câncer, cânceres. A morte foi a ideia mais forte encontrada tanto no discurso dos profissionais como dos pacientes. Os pacientes possuem esperança na medicina, porém os profissionais pouco acreditam no sucesso dos tratamentos, a não ser quando encaminhados a partir de um diagnóstico precoce.
O câncer bucal é o sexto tipo de neoplasma maligno em prevalência no mundo e com tendência crescente de mortalidade e de incidência. Esses dados podem ser relacionados a uma propensão histórica de aumento da prevalência e a um envelhecimento geral da população nos diversos países.
No Brasil os registros hospitalares identificaram o câncer de boca como o quinto câncer mais frequente em homens e o sétimo em mulheres.
Profissionais de saúde, o medo do diagnóstico e as dificuldades para acessar o sistema de saúde são causas importantes para o atraso no diagnóstico. Os pacientes, algumas vezes, são descritos pelos profissionais como alcoólatras e fumantes e, portanto, responsáveis pela doença. Quanto aos profissionais, é preciso não só conhecimento, mas atitudes positivas, valores pessoais, habilidades no relacionamento, domínio psicológico e autoconfiança como subsídio ao sucesso do tratamento.
Os profissionais de saúde são fundamentais no diagnóstico do câncer bucal e devem ter consciência dessa responsabilidade e não culpar os pacientes pelo atraso no diagnóstico. A importância da humanização no tratamento do câncer não foi relatada e é fundamental para fazer a diferença na vida dos pacientes; a morte ainda é a ideia mais forte vista pelas pessoas com câncer nos dias atuais tanto por profissionais como por pacientes. Os pacientes possuem esperança na medicina, porém os profissionais pouco acreditam no sucesso dos tratamentos, a não ser quando forem feitos através de um diagnóstico precoce; o valor do tratamento, em qualquer fase do diagnóstico do câncer, deveria ser evidenciado como uma realidade. Esse aspecto juntamente com a perspectiva de cura num futuro próximo deveria fazer parte da representação social do câncer para a equipe e esta deveria compartilhar esse sentimento com os pacientes.

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